CHÃO DE ESTRELAS - ORESTES BARBOSA (SILVIO CALDAS) (1937)

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão, no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou

E, hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher, pomba rola, que voou

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda qual bandeiras agitadas
Parecia um estranho festival

Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar, que nos morros, mal vestidos
É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão

E tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar
E o violão.

===============
Observação:
[Letra de Orestes Barbosa, musicada e imortalizada por Silvio Caldas.
O título original era "Foste a sonoridade que acabou", mas foi trocado para
"Chão de Estrelas" por sugestão do poeta Guilherme de Almeida.]

MATSUO BASHÔ - QUE LUA, QUE FLOR (1689)

Que lua, que flor nada, bebo umas doses aqui sozinho. ===================== 月花もなくて酒のむ独りかな tsuki hana mo / nakute sake nomu / hitori kana (16...