Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações
Meu barracão, no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E, hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher, pomba rola, que voou
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher, pomba rola, que voou
Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda qual bandeiras agitadas
Parecia um estranho festival
Na corda qual bandeiras agitadas
Parecia um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar, que nos morros, mal vestidos
É sempre feriado nacional
A mostrar, que nos morros, mal vestidos
É sempre feriado nacional
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Mas a lua furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
E tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar
E o violão.
===============
Observação:
[Letra de Orestes Barbosa, musicada e imortalizada por Silvio Caldas.
O título original era "Foste a sonoridade que acabou", mas foi trocado para
"Chão de Estrelas" por sugestão do poeta Guilherme de Almeida.]